Pais não querem que aluna transexual use banheiro feminino, diz diretor
O diretor do Liceu Maranhense Deurivan Sampaio disse ao G1, nesta sexta-feira (26), que os pais dos alunos foram unânimes em apoiar a decisão da escola de impedir que a transexual Stheffany Pereira, de 23 anos, utilize o banheiro feminino da unidade. O assunto foi debatido em reunião realizada nessa quinta-feira (25) após a aluna discutir com um monitor depois que foi advertida ao entrar no toalete acompanhada de amigas.
“Não houve nenhuma divergência. Todos concordaram com a decisão que tomamos e ainda se colocaram à disposição para, se fosse preciso, fazer campanha ou abaixo-assinado”, afirmou o diretor.
A decisão final sobre o uso do banheiro ou não, no entanto, cabe à Secretaria Estadual de Educação (Seduc). “Já passamos o caso para a secretaria e, neste mês de julho, vamos avaliar tudo para tomarmos a melhor decisão. Foi sugerido ao aluno que pode dividir o banheiro da secretária da escola enquanto a situação não é resolvida”, declarou o diretor.
Aperto
Ao G1, Stheffany disse que está saindo da escola para fazer uso de um banheiro desde a discussão. Segundo ela, mesmo com o apoio das amigas para entrar no toalete, o constrangimento é maior. A estudante não quis informar qual local está usando para fazer as necessidades quando precisa ir ao banheiro.
“Desde que aconteceu isso eu fico ‘prendendo xixi’ e, quando não posso mais, saio da escola para fazer em um lugar próximo, que prefiro não dizer onde é. Digo que vou sair rapidinho e às vezes vou. Não é frenquente isso”, revelou.
Sampaio negou a versão e garantiu que nenhum aluno sai antes do fim das aulas. “Isso de ficar saindo não procede, pois aluno nenhum sai da escola antes de terminarem as aulas”, rebateu o diretor.
A estudante disse que não gostou da ideia de dividir o banheiro com a secretária e afirmou que representatens da Seduc estiveram na escola e a autorizaram a entrar no toalete feminino. “Vai ser constrangedor do mesmo jeito. As minhas amigas até me incentivam a entrar no banheiro feminino da escola, mas, pra não fazer mais confusão, eu estava fazendo assim [saindo da unidade]. Só que, na quinta-feira à noite, pessoas da Secretaria de Educação foram à escola e disseram que eu poderia usar o banheiro feminino normalmente e o diretor estava ouvindo tudo”, contestou.
O G1 entrou em contato com a assessoria da Seduc, que ficou de enviar nota por e-mail com posicionamento sobre o caso. Não houve retorno até a publicação.
Justiça
A transexual já constituiu advogado para entrar na Justiça contra o Estado do Maranhão após o constrangimento. Ela alega que ao chegar na porta do banheiro, o monitor teria dito que ela não poderia entrar, o que teria iniciado uma discussão entre os dois.
A direção da escola nega que houve excessos por parte do funcionário e contesta a versão da aluna. Stheffany diz que é transexual desde os 15 anos e, desde que começou a estudar no Liceu, há três anos, não havia tido problemas do tipo.
O diretor da escola afirma que as câmeras de segurança mostram que não houve discussão e que o material será utilizado em caso de ação judicial.