No auge dos seus cabelos brancos, Gastão Vieira vai ter que optar entre ser chamado de “velho” ou de “velhaco”
Sempre tive o ex-deputado federal Gastão Vieira na cota de boa gente, gente proba, bom caráter e demais qualidades que fazem de um homem público alguém digno de respeito.
Se eu tiver o privilégio de chegar a ter todos os fios de cabelos brancos e pelo menos completar a idade de Gastão Vieira, quero estar com a consciência tranquila que aproveitei a idade provecta para corrigir eventuais erros que cometi na juventude.
É que quando somos jovens temos a obrigação de cometer erros. Faz parte dessa fase da nossa vida. Com o tempo é que vamos criando maturidade de rever conceitos, comportamentos e paradigmas. Com a idade nos tornamos referência para os mais jovens. É força e privilégio de quem chega aos cabelos brancos.
O nosso querido Gastão Vieira resolveu nadar contra a maré da vida. Deve ter tido uma vida comportada na juventude, errado pouco e agora opta por errar de forma mais escrota possível aos bem vividos 72 anos de idade!
Nada contra o ex-deputado estadual, ex-deputado federal, ex-secretário de Governo, ex-ministro de Estado, ex-presidente do FNE deixar pra trás todos aqueles que são responsáveis pelo que o Gastão Vieira foi e é, e agora se debandar para o outro lado da margem do rio. Nada contra. Como diria aquele ex-BBB Kleber Bambam: “faz parte”.
Agora, tudo contra a forma como Gastão Vieira está construindo a sua nova trajetória de vida e seu opção política: escarrando no prato que passou mais da metade da vida comendo e se lambuzando.
Fico a pensar se Flávio Dino acredita ou confia em Gastão Vieira. Aliás, vou mais longe, fico a imaginar se o governador comunista no seu íntimo não pensa algo mais ou menos assim: “Esse Gastão Vieira é um canalha, mas um canalha necessário para os meus interesses políticos e eleitorais. Gastão é meu canalha favorito!”.
Só para fazer uma comparação: se José Reinaldo Tavares resolvesse definitivamente fazer as pazes com o ex-presidente José Sarney, voltar para o seu grupo político de origem e morrer com a consciência tranquila de que não levará para o túmulo o signo da ingratidão, o ex-governador estaria corrigindo, concordando-se ou não com ele, um erro cometido num passado recente.
Já o Gastão Vieira a quem é devedor aos Sarney até a medula faz exatamente o contrário. E pior: parece fazer com júbilo.
Torço sinceramente para que o governador Flávio Dino veja em Gastão Vieira um novo aliado, leal, fiel e disposto à lutar pela causa do seu governo e quiçá até pela causa comunista.
Para encerrar: Certa vez, o então presidente da República Fernando Collor de Melo chamou o saudoso Ulisses Guimarães de “velho”, achando que tal predicado ofenderia o pai da “Constituição Cidadã”.
Sereno, Ulisses respondeu: “Sou velho, mas não sou velhaco”.
Penso que Gastão Vieira, em breve, enfrentará o drama na sua vida de optar entre ser chamado de “velho” ou de “velhaco”.
A história dirá.