Braide incorporou Bolsonaro ao ‘incitar violência’ contra vereadores
O prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD), dá sinais de que incorporou à sua oratória o discurso de ódio que costuma fazer parte dos pronunciamentos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem sempre foi um admirador, mesmo que seja de forma incubada.
Conhecido pela arrogância por achar que ainda pode passar por cima da vontade soberana do povo, o mandatário ludovicense tem agora concentrado boa parte de seus discursos em ataques contra a Câmara Municipal e os vereadores, eleitos com os votos da população.
Na manhã deste sábado, 29, Braide voltou a fazer dura crítica aos parlamentares durante ato no Chácara Itapiracó. Na ocasião, ele reagiu pela primeira vez à CPI dos Contratos Emergenciais, instalada pelo Legislativo, e declarou que as investigações sobre supostas irregularidades na sua gestão têm como objetivo não lhe deixar trabalhar.
“Quando as máquinas estiverem passando na Chácara Itapiracó, perguntem se o vereador de vocês é o que assinou a CPI para não me deixar trabalhar, ou se é o que me deixa trabalhar”, disparou Braide.
Reação
A declaração provocou uma reação nas redes sociais, em grupos de WhatsApp e na classe política. O deputado federal Duarte Júnior, pré-candidato do PSB à Prefeitura de São Luís, saiu em defesa dos vereadores da capital. No X (antigo Twitter), o prefeiturável se disse “atônito” com a declaração do gestor municipal.
“Terminando agora um sábado de muito trabalho, assisti atônito ao discurso do prefeito Eduardo Braide, no qual ele ataca a Câmara de São Luís e os vereadores eleitos com os votos da população de São Luís. O diálogo entre os Poderes é um pilar fundamental da democracia. Quando um governante confronta quem tem o papel de fiscalizá-lo, demonstra autoritarismo e falta de respeito ao diálogo na política. Isso é ruim para a cidade. É preciso que tenhamos agentes políticos que trabalhem com respeito e com um único objetivo: o bem do povo de São Luís”, afirmou.
Repúdio
A Câmara Municipal de São Luís divulgou na noite deste sábado (29) uma nota de repúdio após o gestor maior da cidade tentar gerar situações de animosidades durante a cerimônia de anúncio de uma obra na Chácara Itapiracó.
Na ocasião, segundo o comunicado, o mandatário provocou uma situação muito arriscada ao tentar jogar a comunidade contra o vereador Ribeiro Neto (PSB), que é o 2º vice-presidente da Casa. Por conta da situação, os populares, que acompanham a luta diária do parlamentar em favor da localidade, ficaram enfurecidos contra o desrespeito ao seu principal líder.
A nota reafirma a posição do Legislativo em defesa da democracia, de respeito aos Poderes e de preservação das instituições.
NOTA DE REPÚDIO
A Câmara Municipal de São Luís lamenta e repudia de forma veemente as declarações do prefeito Eduardo Braide (PSD), na manhã deste sábado, 29, contra vereadores e vereadoras.
Durante uma solenidade no bairro Chácara Itapiracó, o prefeito provocou uma situação muito arriscada ao tentar jogar a comunidade contra o vereador Ribeiro Neto (PSB), que é o 2º vice-presidente da Casa. Por conta da situação, os populares, que acompanham a luta diária do parlamentar em favor da localidade, ficaram enfurecidos contra o desrespeito ao seu principal líder.
Não satisfeito, Eduardo Braide ainda foi desrespeitoso e ofensivo ao criticar a decisão do Legislativo em criar a CPI dos Contratos Emergenciais para apurar várias acusações noticiadas pela imprensa, inclusive, um suposto envolvimento de irmãos do prefeito com fatos que maculam a prestação dos serviços públicos da sua administração.
Acreditamos que as críticas são legítimas e fazem parte da democracia, mas não podemos aceitar incitação à violência. O chefe do Executivo deve agir de forma institucional para estabelecer uma relação harmônica entre os Poderes conforme diz a Constituição Federal, sendo inconcebível que Braide se comporte de forma arbitrária no exercício desta nobre função.
Atentar contra a ordem constitucional não faz parte da cidadania. Nós, vereadores e vereadoras, reafirmamos aqui a nossa posição em defesa da democracia, de respeito aos Poderes e de preservação das instituições.
Ressaltamos ainda que a posição do Legislativo em apurar denúncias e indícios de irregularidades envolvendo a gestão municipal é indiscutível à luz da Constituição Federal. A Mesa Diretora não tem poderes discricionários para impedir a instalação de CPIs ao contrário do que ocorre nos casos de abertura de um processo de impeachment contra o chefe do Executivo.
Se o prefeito Eduardo Braide, por má compreensão do direito ou por receio das investigações parlamentares, entendeu ser oportuno criticar a instalação da CPI, deveria tê-lo feito em termos compatíveis com a dignidade do mandato que exerce.
Cabe destacar ainda que a instauração da comissão de investigação é um alento para os cidadãos ludovicenses que lutam contra a corrupção, considerada um mal que afeta toda a sociedade e a resposta da Casa Legislativa foi no sentido do clamor popular.
O ataque do gestor maior da cidade aos legítimos representantes do povo é admissível nos Estados Democráticos de Direito. O que não se admite é a postura de alguém investido no cargo de prefeito para hostilizar vereadores e vereadoras, com propósitos autoritários e ofensivos à constitucionalidade do país.
Por fim, esclarecemos que uma CPI não tem o condão de impedir o prefeito de trabalhar. Pelo contrário: o colegiado tem o objetivo de apurar eventuais indícios de corrupção, algo que a população mais condena por ser uma forma de desonestidade praticada por uma pessoa ou alguém que ocupa uma posição de autoridade, com o objetivo de obter vantagens ilegais ou usar o poder para fins pessoais.
Que o gestor possa reconhecer que se excedeu em suas falas desrespeitosas.
Vereador Paulo Victor
Presidente da Câmara Municipal de São Luís