Doação levanta suspeita de que dinheiro desviado pode ter financiado campanha de deputado
Dinheiro desviado dos cofres da Prefeitura de Anajatuba pelo esquema investigado pela Operação Geist, da Polícia Federal, pode ter financiado a campanha do deputado Eduardo Salim Braide (PMN) nas eleições de 2014. O parlamentar recebeu um total de R$ 50 mil em doações de campanha. A contribuição foi feita por meio de depósito em espécie, no dia 24 de outubro de 2014, pelo próprio pai, Antônio Carlos Braide que é ex-presidente da Assembleia Legislativa do Estado. As informações estão disponíveis ao público no site do Tribunal Superior Eleitoral (www.tse.gov.br).
CAIXA OFICIAL
A doação apurada pelo BLOG diz respeito a um financiamento legal de campanha, declarada, inclusive, na prestação de contas do candidato ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No entanto, o que chama atenção nisso, não é apenas o valor da doação, mas, a relação entre financiador e candidato. Carlos Braide — pai do deputado — é apontado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) com um dos financiadores da organização criminosa.
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Além de receber doações de um dos investigados no esquema, o parlamentar chegou a nomear em seu gabinete o operador da organização. No dia 13 de agosto de 2014, por solicitação do próprio Eduardo Braide, o empresário Fabiano de Carvalho foi nomeado como seu assessor. A nomeação do “mentor” da quadrilha com símbolo Isolado foi publicada no Diário da Assembleia Legislativa um dia depois.
ASSESSOR ENROLADO
Quatro meses após ser nomeado como assessor parlamentar, Fabiano foi alvo da Operação Geist, da Polícia Federal e Polícia Civil, que cumpriu 14 mandados de busca e apreensão em 12 residências e dois estabelecimentos comerciais em São Luís e em Itapecuru-Mirim, no dia 13 de dezembro.
Fabiano Bezerra é proprietário das empresas Vieira Bezerra Ltda (atual FF Produções) e A4 Entretenimento, que possui contratos com a Prefeitura de Anajatuba para prestação de serviços de transporte, incluindo o escolar, mas não possui automóveis registrados.
LIGAÇÕES PERIGOSAS
Os documentos obtidos pelo blog mostram que o líder do PMN na Assembleia Legislativa tem fortes ligações com a quadrilha. Além de receber doações de campanha do pai — um dos “cabeças” do esquema — e ter nomeado o operador da organização em seu gabinete, Eduardo Braide firmou aliança com o prefeito Helder Lopes Aragão (PMDB) que também figura na ação criminal por desvio de verbas públicas. Em Anajatuba, cidade comandada pelo aliado prefeito, o parlamentar obteve 3.159 votos.
DESTINO DAS EMENDAS
O blog vai continuar a série de postagens sobre o esquema criminoso. Amanhã vamos mostrar onde foram parar as emendas do deputado. Quais foram os municípios beneficiados e quais foram às empresas responsáveis pelas obras e serviços. A nossa página eletrônica vai publicar um levantamento detalhado sobre o assunto. Aguardem!
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