Em Anajatuba, posto de saúde fantasma tem médicos, mas nenhum paciente
O governo federal, por meio do Ministério da Saúde (MS), envia mensalmente para a Prefeitura de Anajatuba [a 130 km de São Luís], desde janeiro deste ano, R$ 306 mil para manter uma equipe e um posto de saúde do Programa de Saúde da Família (PSF), que não existe. É a Unidade Básica de Saúde Idalina Ferreira Abreu, cujo endereço – conforme consta no Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde (CNES), disponível no site do Datasus (banco de dados do MS) – é o Povoado Cumbi. Além da verba mensal, a Prefeitura de Anajatuba usou R$ 124.500,00 do Fundo Municipal de Saúde – FMS [repasse federal] para a ampliação e reforma do posto fantasma.
O assunto só veio à tona, depois que os moradores da comunidade fecharam a MA 324 para protestar contra o empreendimento que supostamente estaria servindo apenas para desviar recursos públicos.
No endereço indicado pelo Cnes, o BLOG recebeu imagens da UBS que motivou a revolta dos populares da localidade. O flagrante mostra um imóvel abandonado e tomado pelo mato.
De acordo com os moradores, há mais de dois anos a unidade de saúde não presta qualquer tipo de atendimento, por ausência de médico, enfermeiro e remédio. No entanto, levantamento realizado pelo blog, junto ao sistema do Ministério da Saúde, mostra que pelo menos onze servidores estariam recebendo repasse do SUS de maneira ilegal.
De todos os funcionários cadastrados, dois chamam a atenção: a cirurgiã dentista, Hannah Sulene Almeida Duarte e Patrícia Mendes Dutra, enfermeira da Estratégia de Saúde da Família. As duas servidoras, assim como os outros nove, estão com cadastros ativos como prestadores de serviço. O problema é que os estabelecimentos encontram-se sem funcionamento há dois anos.
O mais grave é que, mesmo sem funcionar, no último dia 08 de fevereiro, a Prefeitura de Anajatuba informou ao Ministério da Saúde que a UBS de Cumbi estaria em plena atividade, ao atualizar o cadastro do estabelecimento. O que prova que o dinheiro está sendo repassado regulamente para o posto de saúde.
SÓ DE “H”
Para o presidente da Associação dos Moradores daquela comunidade, o cadeirante José Antônio, o posto fica aberto só de “h” e, segundo ele, não tem a mínima condição de nos atender.
“Não existe médico, não tem remédio, não tem nada. E a informação que temos na cidade é que inclusive, o Ministério da Saúde já teria enviado recurso para melhorar a situação do posto, mas até agora, nada. Nós gostaríamos de saber que tanta força é essa que esse homem tem que nada e nem ninguém consegue frear as sandices dele”, finalizou revoltado.