Enfermeiro diz que policial tentou atingi-lo em hospital

Funcionários protestam contra insegurança no Socorrão
O enfermeiro Chales Silva, de 46 anos, afirmou, nesta segunda-feira (28), que sargento aposentado da Polícia Militar, Francisco das Chagas Pereira Franco, 51, tentou acertá-lo ao atirar na recepção do Hospital Municipal Clementino Moura (Socorrão 2), em São Luís, na sexta-feira (25). Ninguém ficou ferido. As balas atingiram um computador.
“Os tiros foram em minha direção. Felizmente não me atingiram. Nasci de novo, no dia do nascimento de Jesus. Foi um presente de Deus”, afirmou, acrescentando que não foi a primeira agressão sofrida no local de trabalho.
“Na questão de disparo foi a primeira vez, mas já fui agredido fisicamente e verbalmente várias vezes. Não tem nem conta”, garante.
Em solidariedade ao colega, os funcionários do Socorrão 2 estão paralisados, na manhã desta segunda-feira, em protesto contra a insegurança no unidade hospitalar.
“Não temos segurança nenhuma no nosso ambiente de trabalho. A gente vive todo tempo sobressaltado, à mercê de pessoas que entram aqui armadas, estressadas, agredindo a gente e ninguém faz nada”, revela o Silva.
O enfermeiro conta que, mesmo com uma unidade da Polícia Militar no local, a insegurança é permanente.
“A segurança deixa muito a desejar. A PM não fica nem dentro da unidade, fica em uma sala fora do hospital. Quando eles chegam, já aconteceu tudo. Depois que ele vêm agir, não tem mais o que fazer, porque já aconteceu”, reclama.
Drogas e assaltos
A nutricionista Ana Maria denunciou que há casos de consumo de drogas e assaltos no local. “Não tem segurança. Quando a gente procura é ‘ah, não pode fazer nada’ ou não tá, a gente tem que correr atrás. Não tem três meses arrombaram o repouso masculino e roubaram tudo. Um rapaz teve que ir embora com a roupa do corpo. As câmeras do hospital não funcionam”, contou.
Disparos
O sargento aposentado Francisco das Chagas Pereira Franco chegou à unidade hospitalar acompanhando o pai Erigidis Amorim, que teria sofrido uma luxação no fêmur em decorrência de uma queda.
Como o “Socorrão” é um hospital que atende a casos de alta complexidade com risco de morte, o enfermeiro sugeriu que o policial procurasse atendimento em uma unidade de média complexidade, despertando a ira do sargento, que atirou na recepção. Os tiros provocaram pânico em pacientes que aguardavam atendimento. Alguns passaram mal.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde afirmou que, mesmo após os disparos, foi realizado o atendimento do paciente e providenciada a transferência dele para o Hospital Geral, em São Luís. O sargento aposentado foi preso e encaminhado para a Delegacia da Cidade Operária, na capital.