Ex-secretário de Meio Ambiente montou esquema para beneficiar parentes no governo
Então candidato derrotado à Câmara de Vereadores de São José de Ribamar, o hoje deputado Othelino Neto (PCdoB), na ocasião integrante do PV, chegava em 2002 ao comando da Secretaria da Meio Ambiente (Sema) pelas mãos do deputado federal Sarney Filho (PV). Ex-repórter de O Estado do Maranhão, o jovem secretário passaria rapidamente a adotar o discurso do governador José Reinaldo Tavares (PSB) contra a família do deputado, a quem passou a tratar de “oligarquia”.
Junto com o pai, o jornalista Othelino Filho, começou a assinar uma coluna semanal no Jornal Pequeno com ataques à família Sarney. Chegou a lançar um livro no mesmo sentido. Até aí via-se a teoria do secretário. Anos depois, com a volta de Roseana Sarney ao governo, começou a aparecer sua prática. No comando da pasta, Othelino Neto (foto) criou sua própria “oligarquia”, prática que o pai já tinha adotado nos dez anos em que foi secretário de comunicação da Assembleia Legislativa na gestão do deputado Manoel Ribeiro (PTB).
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Na época, a Sema chegou a ser um dos maiores focos de corrupção do governo. Tanto que sucessora de Othelino na pasta, ex-secretária Telma Thomé e servidores menos graduados chegaram a conseguir habeas-corpus com receio de serem presos. Um inquérito está em andamento para apurar as irregularidades. Contra Othelino Neto, até agora, só um indiciamento por homicídio. A Polícia Federal chegou a realizar, inclusive, investigação denominada “Operação Gasparzinho”, mas não conseguiu exorcizar o fantasma.
Em 2006, ao deixar o cago para concorrer a uma vaga de deputado, o secretário colocou no seu lugar o próprio pai. Saía o Neto e entrava o Filho. Derrotado nas urnas, voltou ao posto para deixá-lo no início do ano ao ver Jackson Lago indo para a forca. Em março de 2009, auditores do estado encontraram documentos que comprovariam uma estratégia familiar para fugir da proibição ao nepotismo. Othelino empregou, via Fapema, a mãe, uma irmã, e o cunhado na Sema. Sem o nome na folha do estado, não dava para acusá-lo de nada.
Os documentos (veja reprodução abaixo) mostram que Claudia Zeneida Gomes, a irmã, recebia R$ 4 mil mensais, o mesmo que o marido Washington Kleber Rodirgues Lima, ambos professores do Uniceuma. O valor refere-se ao que a Fapema paga para professores fazerem cursos de doutorado. Claudia nunca foi vista na Sema, apesar dos R$ 4 mil serem depositados religiosamente em sua conta. Dona Yolete Maria Gomes Alves ganhava R$ 2,2 mil para ser a chefe de gabinete do filho. A mãe e o cunhado trabalham também na Prefeitura de São Luís.
Preocupado com as muitas suspeitas que surgem a todo momento, Othelino Neto chegou a contratar um escritório de advocacia para defendê-lo. Na época, o escolhido foi o de Fabiano de Cristo Cabral Rodrigues, primo da ex-procuradora-geal de Justiça, Fátima Travassos. Em janeiro de 2009, a ex-procuradora livrou o então secretário Lourenço Vieira da Silva (Educação) de uma investigação comandada pelo promotor Marcos Valetin Paixão (Probidade Administrativa). Ele encontrou elementos para denunciar o ex-secretário por desvio de R$ 12,1 milhões devido a compra, sem licitação, de livros didáticos.
Agora, o Ministério Público também investiga Othelino Neto. Espera-se, apesar do advogado ser o mesmo, desfecho diferente do ocorrido com Lourenço.
VOLTANDO A OPERAR NA SEMA
Ainda essa semana o blog vai trazer um post com informações de indiciados por formação de quadrilha que voltaram a operar na Sema. Um dos nomeados, inclusive, é o cunhado do deputado Othelino Neto. O ato joga por terra mais uma vez o discurso moralista pregado pelo governador Flávio Dino.
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