Inquérito confirma depósitos “não identificados” na conta do secretário de Transparência

Secretário de Transparência do governo Flávio Dino já foi investigado por desvio

O secretário de Transparência e Controle do Estado, Rodrigo Lago, tem sobre si o peso da pasta que exige lisura em todos os atos do atual governo. Um cargo que lhe requer trajetória de vida ilibada, sem ranhuras que comprometam a imagem da gestão Estadual. Todavia, um retorno a fatos ocorridos no ano de 2006 e que culminaram com a cassação do então governador Jackson Lago (PDT), lançam foco sobre o nome do secretário da Transparência de Flavio Dino.

O caso que envolve o secretário já havia sido noticiado pelo Jornal O EstadoMaranhão, no dia 22 de março deste ano, mas reacenderam essa semana depois que o inquérito policial da operação Ópera-Prima, ter sido vazado na internet, com o documento sendo disponibilizado na íntegra pelo blog do Luís Pablo.

De acordo com o material exposto no blog, o inquérito que figuram Rodrigo Lago, seu pai e o irmão, Aderson Lago Neto, indicaria que houve depósitos ‘não identificados’ na conta de um dos escritórios.

Mesmo não processado, Rodrigo Lago chegou a depor e confirmou que recebeu depósitos do esquema “Ópera Prima”, protagonizado por seu pai

Os arquivos mostram que Ópera-Prima Produções Artísticas, então sediada no Rio de Janeiro, era o nome de empresa de propriedade de Aderson Neto e que, segundo consta no inquérito, teria receptado recursos desviados dos cofres públicos do Estado.

Em trecho de Relatório de Inteligência Financeira inserido nas investigações policias, a empresa teria efetuado saques de dinheiro ilícito de R$ 200 mil a R$ 301.746,18. O mesmo documento cita Rodrigo Lago como beneficiário de uma transferência de R$ 84 mil. Além disso, R$ 30 mil teriam sido enviados para Abdon Marinho Advogados Associados, escritório que tinha o próprio secretário da Transparência como sócio.

Os irmãos Lago acabaram citados no inquérito por conta do processo que envolveu o pai deles, Aderson Lago e candidato do PSDB ao governo do Estado em 2006.

ENTENDA O CASO

A operação Ópera Prima ganhou repercussão na imprensa em 2009, quando o jornalista Walter Rodrigues, do Colunão, noticiou o caso. O inquérito havia sido aberto pelo então secretário de Segurança Pública, Raimundo Cutrim – hoje deputado estadual e correligionário do atual governador.

Rodrigues (que morreu em maio de 2010) tivera acesso a documentos que estavam sendo descartados pelo ex-contador de Aderson Lago, que se dizia insatisfeito por acordos não cumpridos (veja quadros).

Descoberta e noticiada em 2009, pelo jornalista Walter Rodrigues, a operação Ópera Prima foi alvo de inquérito policial. Segundo as investigações, Aderson Lago estaria envolvido em um esquema montado pelo então governador José Reinaldo Tavares para somar votos e forçar um segundo turno nas eleições de 2006. Lago era um dos candidatos a governador e teria recebido R$ 5 milhões por meio de convênios com as Prefeituras de Caxias e de Mata Roma. Sua missão era alinhar o seu discurso aos interesses do candidato alinhado a José Reinaldo.

Pai de Rodrigo, o ex-deputado Aderson Lago foi apontado como protagonista do esquema “Ópera Prima”

Segundo consta no inquérito, a Prefeitura de Mata Roma, que tinha Lauro Graxal como prefeito, teria simulado processo de licitação “vencido” pela empresa fantasma chamada Espontânea; a licitação de Caxias apontou vencedora a PR Cardoso. Ficou comprovado inclusive com confissão dos donos das supostas empresas que elas receberam o pagamento sem entregar as mercadorias. Os carimbos nas notas, dos postos fiscais das estradas, eram falsificados.

As empresas ‘Espontânea’ e ‘PR Cardoso’ teriam recebido todo o dinheiro à vista. Seus donos teriam ficado com pequenas quantias pelo fornecimento das notas fiscais e encaminhado mais de 90% para Aderson Lago ou em dinheiro vivo ou em depósito nas contas dos filhos, entre os quais Rodrigo.

O atual secretário da Transparência do Estado, quando depôs na polícia, confirmou o recebimento do dinheiro, mas alegou tratar-se de ressarcimento de despesas de campanha de Aderson Lago (despesas essas não declaradas na prestação de contas do ex-candidato). Disse ainda que não sabia da origem dos recursos colocados na conta bancária pessoal e do escritório do qual era sócio.

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Clique aqui para baixar o inquérito policial que envolve Rodrigo Lago no esquema de desvio.

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