Escritura revela a maior fraude imobiliária em São Luís
Indícios de irregularidades em registro de imóveis envolvem o Cartório do 2° Ofício de Notas da Capital

Mesmo após a morte do tabelião Celso Coutinho, o Cartório do 2º Ofício de notas de São Luís ainda é notícia pelos escândalos e fraudes praticadas durante sua gestão. Nesta segunda-feira, 20, o blog do Antônio Martins teve acesso a dados que revelam detalhes daquela que pode ser a maior fraude imobiliária da capital maranhense dos últimos 15 anos.
O primeiro caso, por exemplo, nos remete ao ano de 2009 e mostra uma Escritura Pública de compra e venda registrada no referido Cartório. Na época, segundo o documento, compareceram ao estabelecimento um senhor identificado por Manoel Bernardo de Oliveira e a Companhia de Águas e Esgotos do Maranhão (CAEMA), representadas pelo seu diretor presidente e pelo diretor financeiro da estatal.
A transação em questão, conforme o registro obtido pelo blog, envolveu a venda de um imóvel da empresa ao pensionista do INSS, Manoel Bernardo de Oliveira, residente na cidade maranhense de Zé Doca.
O plano parecia perfeito, mas, em 2019 se tornou público quando um advogado da capital
(procurador do tal comprador), juntou em uma Ação Possessória, o fatídico documento feito sob
encomenda no Cartório de Celso Coutinho. A escritura era aparentemente legal, registrada e
carimbada. O problema, contudo, era seu conteúdo, que revelava uma das mais escabrosas fraudes documentais em cartórios da cidade e três fatos determinantes entregaram a trama: primeiro, o fato da CAEMA, uma sociedade de economia mista, onde o Governo do Estado do Maranhão é majoritário, vender patrimônio sem anuência da Assembleia Geral de Acionistas e receber pela venda do imóvel, dinheiro em espécie, moeda corrente.
O segundo ponto, era a área da qual o documento foi desmembrado, ficar distante, mais de três quilômetros do terreno em litígio; e terceiro, considerado o fato mais grave, foi que o diretor presidente e diretor financeiro, conforme o documento, compareceram ao Cartório em 23 de novembro de 2009, quando na verdade, foram diretores da instituição entre os anos de 1990 a 1995, ou seja, 14 anos antes do informado na referida escritura lavrada.
Oficiados com base na Lei de Acesso à Informação, ainda em 2019, o Cartório se negou a apresentar a cópia reprográfica e os documentos que instruíram a referida Escritura Pública de Compra e Venda realizada em 2009. No entanto, hoje sob comando de um novo tabelião, o Cartório do 2º ofício de notas da Capital, afirmou que o Livro onde foi lavrada a Escritura sequer está registrado e assinado pelo Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA), e que não consta nenhum cartão de assinaturas ou outro documento que garanta que aquelas pessoas estiveram presentes para realizar a transação.

Notificada, também com base na Lei de Acesso à Informação, em 05 de junho de 2019, a CAEMA nunca respondeu às perguntas para dirimir as dúvidas quanto à fraude envolvendo o nome da Companhia e de dois ex-diretores. No último mês de outubro, novo requerimento de informações foi realizado e, pasmem, a Companhia sumiu com o primeiro pedido de informações, as alegações que se tratava de um processo físico e passível desse tipo de ocorrência.
Questionado, os diretores da CAEMA cujos nomes estão envolvidos no crime, afirmaram categoricamente, por meio de Ata Notarial registrada, que a CAEMA nunca vendeu imóveis, que nunca participaram dessa negociação, que nunca ouviram falar de Manoel Bernardo de Oliveira e reforçam que o referido documento é fraudado e eivado de falsidade ideológica e pedem investigação aos órgãos policiais e judiciais.
Após toda essa trama, descobriram-se outras fraudes perpetradas pelo mesmo grupo, liderados pelo tal advogado utilizando o nome do pensionista Manoel Bernardo de Oliveira. O suposto escândalo, que conta com a participação de outros cartórios, envolve grilagem de imóveis, falsificação de documentos públicos, ocultação de patrimônio, lavagem de dinheiro e uma estrutura criminosa que movimentou milhões de reais nos últimos anos.
O caso foi denunciado no próprio processo que corre em vara cível da capital, ao Grupo de Combate ao Crime Organizado do MPMA/GAECO, ao Ministério Público Federal, a Receita Federal, a Polícia Civil do Maranhão/SEIC, ao Departamento de Polícia Federal no Maranhão.
E a pergunta que não quer calar? Como anda o caso quase 5 anos depois que foi denunciado?
Do mesmo jeito! A CAEMA nunca se manifestou, seu Manoel Bernardo de Oliveira (o laranja), faleceu em abril de 2021, o advogado (procurador) nunca comunicou o fato no processo, inclusive foi dado ganho de causa à parte, exaltando justamente a qualidade das provas (escritura falsa) apresentadas. Esse, entretanto, será um assunto para outra matéria que vai mostrar ainda o silêncio da Corregedoria do TJMA e do próprio CNJ.

Leia mais notícias em blogdoantoniomartins.com e siga nossa página no Facebook. Envie fotos, denúncias e informações ao blog por WhatsApp pelo telefone (98) 99218 9330.
5 Comments
Suleny Weba Coutinho
novembro 21, 11 2023 09:56:52Suleny Weba Coutinho, sobrinha/filho de consideração e ex-funcionária do Cartório do segundo ofício de Notas da Capital, onde o falecido Doutor Celso Coutinho, era o titular vitalício do referido Cartório, venho informar e me colocar a disposição das autoridades jurídicas deste estado, para com a devida presteza esclarecer qualquer sobre o assunto público por esse blog, agora solicito respeito por aquele que já não está aqui para sua defesa e responder. Diante do lido exposto por esse blog, que lhes informar que esse documento sem completo aqui exposto, não é uma escritura de compra venda e sim uma “Certidão de Compra venda” feita na data exposta e certificado no dia da expedição da referida certidão que deve constar no verso do documento, o qual não está colocado na matéria aqui divulgada, não aceito que ninguém venha tentar desmoralizar e julgar um homem honrado como foi doutor Celso Coutinho, não se pode divulgar ou tornar público um assunto que não se tem de fato conhecimento. Obrigada, Suleny Coutinho.
Luis Ferreira
novembro 22, 11 2023 03:54:10Qual a parte que a senhora não entendeu ISTO É SIM UMA ESCRITURA PUBLICA DE COMPRA E VENDA e foi assinada por Ex Presidente da CAEMA que afirma que nunca esteve no cartório em 2009, pois foi presidente da Caema em 1995, 14 anos anos antes, todo mundo em São Luís tem conhecimento que o cartório de Celso coutinho era um antro de corrupção, talvez nem por ele mas pelo funcionários que vendiam selos de autenticação.
Elisabeth Mousinho
novembro 21, 11 2023 10:23:05Cadê a Caema, o Ministério público que não se manifesta!!!! Eita Maranhão da corrupção.
José Felipe
novembro 21, 11 2023 03:37:14Esse é o Maranhão da fraude e da corrupção, esse cartório acredito que Celso Coutinho nem sabia do que se passava, os funcionário vendia os selos de autenticação para as quadrilhas, 50 reais cada.
Carlos Amancio
novembro 22, 11 2023 04:11:07Aproveitando que tem uma funcionária do Cartório na conversa, EXPLICA COMO UM PRESIDENTE DA CAEMA DE 1995 VAI NO CARTORIO EM 2009 e vocês fazem essa mágica, a CAEMA é uma sociedade de economia mista, não vende patrimônio assim, somente através de assembleia, sem contar que os envolvidos disseram que nunca estiveram no cartório.