A mágoa de Sarney

O ex-presidente não superou as mudanças em vias e prédios públicos que perderam o nome da família, no Maranhão. Continua a criticar o governador Flávio Dino, adversário de Roseana Sarney nas eleições

SÃO LUÍS. Caso supere o governador Flávio Dino (PCdoB) nas urnas em outubro, Roseana Sarney (MDB) receberá um Maranhão rebatizado: mais de 100 vias e prédios públicos perderam o nome da família dela e, oficialmente, passaram a ser chamados por outros títulos nos últimos anos. A última alteração de Dino foi feita em 2017, mas, em artigo recente, o ex-presidente José Sarney (MDB) deixou escapar que a mágoa pelas mudanças não passou.

“Não estou irritado com isso. O que me fez avaliar até onde vai a mesquinharia foi querer tirar o nome de minha mulher da Maternidade Marly Sarney, que ela construiu com tanto amor”, escreveu Sarney em 11 de agosto, em sua coluna semanal, no jornal O Estado do Maranhão, de sua propriedade. Embora tente pregar que não deu importância ao rebatismo dos patrimônios maranhenses, ele compara Dino ao “maior tirano que a humanidade já conheceu”.

É como Sarney chama o ditador soviético Josef Stalin. “Lembro apenas que Trotsky foi, ao lado de Lênin, responsável pela Revolução Comunista de 1917. Logo depois que Lênin morreu, Stalin, com ódio, selvageria e inveja, perseguiu Trotsky, grande intelectual, e não só mandou tirar seu nome das escolas, mas matá-lo, assassinando-o no México, depois que, perseguido, fugiu da Rússia”, registrou Sarney no mesmo texto.

“É ele, Stalin, o exemplo que o governador usa para tirar meu nome das escolas”, completou Sarney. A Marly, como é chamada pelos moradores de São Luís, no entanto, só perdeu o nome oficialmente. As grávidas atendidas pela maternidade continuam se referindo ao lugar pelo nome da mulher do ex-presidente. “Vou lá na Marly fazer um exame”, exemplificou o próprio Flávio Dino a ÉPOCA, imitando uma gestante, para explicar que o rebatismo ficou só no papel.

Ao tratar da polêmica, o governador desdenha dos ataques de Sarney. “Eu nem queria mudar o nome dos lugares, já conhecidos pela população pelo nome da família. Fiz por obrigação, cumprindo intimações do Ministério Público”, disse Dino, na tentativa de colocar o assunto como irrelevante para ele. Os promotores alegam que bens públicos não podem, de acordo com a Lei 6.454/1977, ser batizados com nomes de pessoas vivas.

A Marly se tornou Maternidade de Alta Complexidade do Maranhão no ano passado. Dino diz que foi o último nome que mudou. “Fiz de tudo para não tirar o nome dessa senhora da maternidade. Mas, quando chegou a terceira intimação do MP, ameaçando me denunciar por improbidade administrativa, pensei: ‘Aí, já é demais’. Responder a processo já é demais. Dei esse nome genérico e as pessoas continuam indo à Marly.”

DE VOLTA AO MARANHÃO

Vinte e oito anos depois de ser eleita para o seu primeiro cargo público, Roseana Sarney (MDB) deve ganhar o voto do pai pela primeira vez neste ano, quando a família tenta voltar ao poder depois de ter seu candidato em 2014 – Edison Lobão Filho (MDB) – derrotado por Dino. O período da ex-governadora na política é o mesmo em que José Sarney (MDB) passou como eleitor do Amapá.

De volta ao Maranhão, com mudança do domicílio eleitoral no início deste ano, o ex-presidente reforça a campanha da filha, articulando encontros políticos e disparando críticas a Flávio Dino em sua coluna semanal.

Seus artigos são publicados na capa da edição de fim de semana do veículo. Nos últimos quatro anos, o ex-presidente se dedicou a escrever contra o governador. Nos últimos meses, intensificou os ataques. Quando quer alfinetar Dino, Sarney não escreve o nome dele. Refere-se ao adversário apenas como “governador”. Recorrentemente, reclama de a família ser “perseguida” por Dino.

“São duas coisas que têm faltado atualmente no Maranhão: paciência para ouvir e tratar bem aqueles que necessitam ser tratados bem; e humildade, inimiga da arrogância, da perseguição, do ódio, da inveja — e amiga de Deus”, escreveu em 4 de agosto.

Desde que convenceu sua filha a tentar um novo mandato como governadora, também tem feito campanha aberta por sua eleição nos textos. No último fim de semana de julho, data da convenção do MDB que a oficializou candidata, Sarney dedicou todo o artigo a ela. Na coluna, cheia de elogios, apresenta o currículo da filha, sem menções a derrotas políticas e denúncias que enfrentou.

“Roseana não queria ser candidata, mas foi obrigada pela convocação do povo, que, em todo lugar, deseja sua volta, para assegurar o tempo de paz, de realizações, de grandes obras de infraestrutura e recuperar a confiança no Maranhão, que deixou de ter prestígio nacional e está numa situação de abandono”, escreveu.

Depois da derrota há quatro anos, Sarney apelou a Roseana, que, resistente, ouviu que era o único nome mais viável do grupo para enfrentar Dino. Na campanha, ela prega o fim do que chama “preconceito” contra o seu sobrenome. “Tenho nome e sobrenome. Gostaria que começassem a respeitar o meu nome, não a família. A família é uma coisa. A Roseana é outra”, disse.

Na coluna em defesa da filha, o ex-presidente diz que ela “sempre caminhou com seus próprios pés”. “Nunca precisei ajudá-la, ela foi quem me ajudou. Dela só tenho orgulho e alegria.”

Corregedoria do CNMP arquiva reclamação do MDB contra Juraci Guimarães

Corregedor concluiu que não há infração disciplinar ou ilícito penal do PRE/MA substituto em atuar no pleito de 2018, mesmo sendo casado com uma auxiliar do governador Flávio Dino

A Corregedoria do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) confirmou o arquivamento de uma reclamação disciplinar proposta pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB) contra o procurador da República Juraci Guimarães Júnior, por aludida falta de impessoalidade na atuação do membro do Ministério Público Federal (MPF) como procurador Regional Eleitoral (PRE) substituto no Maranhão.

Para a Corregedoria do CNMP, apesar da nomeação de sua mulher, Lilian Régia Gonçalves Guimarães, no cargo de titular da Secretaria de Estado da Gestão, Patrimônio e Assistência dos Servidores (Segep), não há qualquer infração disciplinar ou ilícito penal por parte de Guimarães Júnior em atuar no pleito de 2018 como PRE substituto.

Na reclamação, o MDB pedia o afastamento liminar de Guimarães do exercício de suas funções eleitorais na PRE/MA, com fundamento em sua alegada parcialidade e suspeição, por suposta evidência de interesse pessoal e parcialidade porque casado com a auxiliar do primeiro escalão do governador Flávio Dino (PCdoB), que disputa a reeleição; e por hipotética omissão do procurador da República em relação a denúncia feita pelo soldado da Polícia Militar do Maranhão Fernando Paiva Moraes Júnior, no caso da Máfia do Contrabando, contra o secretário estadual de Segurança Pública, delegado Jefferson Portela.

O procedimento, distribuído inicialmente como pedido de providências, já havia sido arquivado pelo conselheiro do CNMP Leonardo Accioly, tendo sido remetido à Corregedoria Nacional para atuação como reclamação disciplinar, em razão de tratar-se de apuração de conduta que, em tese, caracterizaria-se como infração disciplinar. A promoção pelo arquivamento dos autos também foi seguida pela membro da Corregedoria do CNMP, Aliana Cirino Simon Fabrício de Melo, em pronunciamento integralmente acolhido pelo corregedor Nacional do Ministério Público, Orlando Rochadel Moreira.

Para a instituição, o impedimento poderia ocorrer somente se Lilian Guimarães fosse candidatura ao pleito de outubro. “Porquanto a cônjuge do Membro reclamado não é candidata ao pleito de 2018, inexistindo qualquer impedimento legal para a sua atuação como Procurador Regional Eleitoral Substituto”, aponta.

Sobre as suposições de falta funcional de Juraci Guimarães no caso envolvendo o soldado da PM/MA Fernando Paiva Júnior, a Corregedoria do CNMP classificou-as como incoerentes, justificando ter havido “substanciosa alteração das versões apresentadas” pelo policial militar na ação penal sobre a Máfia do Contrabando. “Desarrazoadas as ilações do reclamante de cometimento falta funcional pelo Membro diante da não investigação das declarações do acusado em juízo”, conclui.

“Destarte, à míngua de prova minimamente idônea da existência falta disciplinar ou ilícito penal nos fatos comunicados pelo reclamante à Corregedoria Nacional, forçoso arquivamento desta reclamação disciplinar”, finaliza.

Na decisão, foi feito ainda o alerta às partes para que tomem ciência sobre “o descabimento de interposição de recurso de embargos de declaração contra a decisão monocrática de arquivamento do Corregedor Nacional”.

Candidatos optam por não agressão no primeiro programa eleitoral

Candidatos majoritários aos cargos de governador e senador, nas eleições deste ano no Maranhão, optaram por não se agredirem mutuamente no primeiro programa do horário eleitoral gratuito, divulgado no Rádio na manhã desta sexta-feira (31).

Os postulantes usaram táticas diferentes para se apresentar ao eleitorado, preferindo deixar ataques – o que certamente ocorrerá – para uma outra ocasião.

O senador Roberto Rocha, candidato ao governo pelo PSDB, destacou sua biografia política, sua eleição para à Câmara Alta em 2014, e o seu desejo de, de fato, desenvolver o estado com políticas públicas direcionadas para todos, em especial crianças e idosos.

Candidato a reeleição, o governador Flávio Dino (PC do B) destacou ações da sua gestão, afirmando que, mesmo diante de um cenário de crise financeira e política instalada no Brasil, conseguiu fazer muito nestes quase quatro ano. E salientou o seu desejo de continuar à frente do Palácio dos Leões.

A ex-governadora Roseana Sarney (MDB) disse ter o sonho de retornar ao comando do estado para consertar o que ela classificou de erros cometidos pelo atual governo.

Lembrou, também, da sua trajetória política e problemas de saúde enfrentados ao longo dos anos.

Ramon Zapata, do PSTU, devido ao pouco tempo (nove segundos), apenas se apresentou ao eleitorado.

Os demais candidatos não divulgaram seus programas.

Para o Senado, o enredo foi basicamente o mesmo.

Resta saber, agora, como os postulantes irão se comportar no horário eleitoral na TV, que terá início logo mais, a partir das 13h.

Horário eleitoral gratuito começa nesta sexta-feira

A propaganda eleitoral gratuita no Rádio e TV terá início nesta sexta-feira (31) em todo Brasil.

Candidatos aos cargos de governador, senador e deputado estadual serão os primeiros ter a oportunidade de se apresentar aos maranhenses.

Na TV, os programas serão veiculados, nas segundas, quartas e sextas, nos horários das 13h às 13h25 e das 20h30 às 20h55. No Rádio, os horários serão das 7h às 7h25 e 12h às 12h25.

Terças, quintas e sábados as campanhas serão para presidente e deputado federal.

A TV Difusora foi a escolhida para gerar o conteúdo televisivo.

A Mirante FM gerará o material para Rádio.

Cada candidato a governador terá o seguinte tempo no horário eleitoral gratuito:

Flávio Dino (PCdoB) – 4:23 em cada bloco
Roseana Sarney (MDB) – 2:32 em cada bloco
Roberto Rocha (PSDB) – 1:28
Ovídio Neto (PSOL) – 14 segundos
Maura Jorge (PSL) -11 segundos
Ramón Zapata (PSTU) 9 segundos.

Inserções – Flávio Dino possui o maior poder de fogo e, além do tempo amplo na propaganda eleitoral propriamente dita, terá direito a 30 inserções diárias nos dois veículos de comunicação.

Roseana terá direito a 13 inserções e Roberto Rocha a sete.

Vítima de perfis fakes, Wellington pede investigação da Polícia Federal

Dentre as medidas que podem ser tomadas estão as de operações de busca e apreensão para coleta de provas

O deputado estadual e candidato à reeleição para o mesmo cargo, Wellington do Curso (PSDB), protocolou ofício na sede da Polícia Federal no Maranhão, em São Luís, nesta terça-feira 28, solicitando que sejam identificados e punidos os líderes e integrantes de uma rede criminosa de perfis fakes que tem divulgado desinformações sobre o parlamentar.

Há pouco mais de uma semana, o tucano já havia obtido decisão no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Maranhão determinando a suspensão desses perfis de rede social Instagram. Agora, diz o tucano, o objetivo é identificar os criminosos e puní-los.

“Trabalhamos diariamente para termos o respeito dos maranhenses, de forma séria, honesta e sem mentiras. Em 2016, nas eleições para prefeito, sofremos inúmeros ataques pela internet. Agora, em 2018, criaram perfis fakes tentando manchar a nossa imagem”, declarou Wellington.

No final do ano passado, por conta do pleito de 2018, a Polícia Federal e outros órgãos, dentre eles o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a Procuradoria-Geral da República (PGR), instalaram um grupo de trabalho conjunto para discutir meios de coibir as fakes news. O próprio Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Maranhão, inclusive, instalou um Comitê de Internet para apurar e coibir textos falsos disseminados na internet como notícias verdadeiras.

Dentre as medidas que podem ser tomadas para casos de disseminação de notícias falsas, estão, por exemplo, as de operações de busca e apreensão para coleta de provas.

Na decisão do TRE/MA que determinou ao Facebook, proprietário do Instagram, que fossem bloqueados os perfis fakes que disseminavam notícias falsas e distorciam pronunciamentos de Wellington do Curso, foi estabelecido ainda que a rede social forneça todas as informações necessárias sobre os autores das páginas fakes ao deputado. Tão logo essas informações sejam recebidas, a PF já poderá agir para combater os criminosos.